quinta-feira, 30 de abril de 2009

... Falar palavrao é terapêutico, PORRA ...




PALAVRAO: Palavra obscena ou grosseira; palavrada, pachouchada (vide dicionário Aurélio) ...


Caralho ... hoje a minha tolerância está quase no limiar do nada ... dia estranho ... pessoas chatas ... sem um puto no bolso ... nao passa uma música que presta nessa bosta de rádio ... sem paciência pra ler um livro ou sair pra assistir um filme no cinema ... aliás, quanto tempo nao vou ao cinema e assisto um filme que valha a pena ser discutido ... AFF ...


Falar palavrao faz parte das minhas palavras ditas cotidianamente ... claro que há dias em que a incidência é quase nula ... mas há aqueles que o bom palavrao requer um destaque na minha fala ...


Um dos cenários perfeitos para a proliferaçao dessa magia grotesca é o trânsito ... eu fico emputecida quando me deparo com os meus amigos condudores que sao mais escrotos do que qualquer outro tipo de definiçao mais apropriada ... sambam na minha frente e nem ao menos abrem alas para eu passar ... ordinários de marca maior ... e quando têm a cara de pau de entrar sem pedir licença, sem sinalizar ... nesse instante mostrar o dedo ainda é pouco, o gestual vem intrinsecamente com uma fonética bem rasgada ...


Mas, na mais pura real, quando a ira me consome, e para que meu comportamento automático nao seja interpretado como leviano e até mesmo criminoso, encher a boca com letras a serem tranformadas em palavras chulas, é extremamente aliviador ... xingar aquele filho do sata do juiz que marcou uma falta inexistente, quase dentro da pequena área e, ainda o iluminado do inferno do jogador adversário chuta e faz aquele gol perfeito, com efeito, no último minuto do jogo decidindo a partida e dá aquela olhadinha pro desgraçado do juiz e ambos riem juntos ... Ah nao ... como nao proferir hinos de injúria, ainda mais quando lesam o meu TIMAO ?!?


Para nao deixar esse texto com um alto teor de grosseria, mesmo porque sou uma mulher fina, literalmente fina, cientificamente, a arte de pronunciar um palavrao se origina na parte mais precária e suja do nosso cérebro, nos poroes donde residem nassas baratas e vermes dessa massinha cerebral cinzenta e estonteante ... lá onde o nosso lado primitivo reside e se faz vivo através de atos nem tao gentis e delicados ... pelo contrário, nosso lado animalesco, burro e inegavelmente sincero se aloja no sistema límbico ... e de lá se revela uma verdade escrachada, esculachada, direta e sem floreios ...


E você pode estar se perguntando:


- Cadê a terapêutica do xingar ???


Está justamente na sua eficácia de transformar um estímulo aversivo em uma maneira, mesmo que tosca e sem lirismo, de expressar seu real sentimento de emputecimento em uma palavra ... xingar é ser espontâneo ... xingar tem um quê de saúde, de extravasamento ... entao, eu, mesmo sendo um poço de candura e de gentileza (lê-se com uma certa modéstia acentuada) também falo palavras ordinárias ... que elas continuem fazendo parte do meu repertório gramatical ... assim me torno mais animalesca ... mais primitiva ... mais próxima do meu lado que nao tem porque ser encoberto ... "meu lado negro da força" ...


Xingue e dê vexame ... Seja obsceno (a) ... Se entregue a esse ato tao sublime da expressao humana ... Dê momentos sujos à sua boca, mesmo porque, "se sujar faz bem" ... Nao negue a descendência bárbara ... e mesmo assim, nunca perca a doçura no trato, pois ser doce, leve e gentil, sao para pessoas raras ... que a tosquice nos acompanhe mas que a gentileza prevaleça ...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

... Máscaras ...


Tenho uma certa simpatia por elas ...


Geralmente as uso em momentos lúdicos para me entregar a espontaneidade do instante ... ou em momentos de devaneios envoltos de desejo, em que ser um outro alguém, favorece meu desempenho perante a tarefa prazerosa ...


Mas há também aqueles momentos em que eu as uso para me desfigurar, para me esconder desse mundo um tanto dolorido, para eu fingir que nao escuto, que nao vejo, que nao falo, que nao sinto e me acomodar na mesmice da minha falta do que fazer ...


Sei que as uso como uma película protetora, tanto para o bem, quanto para o mal ... para um certo disfarce que soa pertinente para mim ... se me encontro em um cenário feliz e me acho desconexa, transpiro uma certa calmaria e felicidade aparente em uma mente que está em turbilhao ... nao acho sensato contaminar o ar que está respirável aos demais com minhas preocupaçoes ou desencantos ...


Penso que a transparência de uma pessoa para ser visível requer sensibilidade ... já me deparei com ser que me despertou uma coerência genuína sem ao menos proferir uma palavra sequer ... também, com ser que verbaliza e se justifica tanto que acaba se perdendo no seu texto pronto e se esquecendo de sua própria essência ...


Uso algumas, como pretexto, para melhorar a imagem, para potencializar um encontro, para passar despercebida ou para que os holofotes venham em minha direçao ... mas nao pretendo com isso camuflar meu eu, que elas nao se tornem couraças difíceis de se desfazerem ... quero com elas poder amenizar a dureza dos dias e das inquisiçoes postuladas por nós mesmos ...


Sou mais uma personagem nesse teatro da vida e, dentro da minha personagem principal, existem inúmeras outras coadjuvantes ... papéis que desempenho e, que pretendo desempenhar bem ... despertar a alegria, a dor, o choro, a ira, a calmaria, a ironia ... provocar aplausos e gritos ... Afetar ...


Sei que além das máscaras a minha alma deve transcender ... e é dessa sensibilidade, de enxergar a alma, a cor da alma, que falo ...


Que eu possa tomar banho na chuva e perceber, ao tocar no meu rosto, que ele nao esteja borrado ... apenas, molhado pelas gotículas d'agua ...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

... Se eu exponho minha nudez como pessoa, nao me faça sentir vergonha ...


A partir deste instante, nao sinto mais vergonha de me expor ... meu rubor facial se faz presente agora ... até ontem, tentaria tapá-lo ou disfarçá-lo com uma de minhas maos ... mas, nao tenho mais essa necessidade ... é uma sensaçao ainda confusa, ambigua, de temor e de conforto ...


Quero me sentir ... me tocar ... me mostrar ... me satisfazer ... me engolir ... me vomitar ... me embebedar de mim mesma ... me saciar ... me enlouquecer ... me xingar ... me descabelar ... me doer ... me bater (levemente) ... me beijar ... me chamar pra dançar ... quero o sal das minhas lágrimas ... quero me medir ... me pesar ... me tripudiar ... me esculachar ... me machucar ... me arrepender ... me julgar ... me fazer ... me gozar ... me transformar ... me apaixonar ... me amar ... quero me gritar ... me achar ... me perder ... me florescer ... quero ser ...


Esse canto que transformo agora em uma vitrine pode parecer bem explícito ou parcialmente nebuloso ... na verdade, o que me importa, é transpor meu sentimento, meu íntimo, meu sagrado ... de externar o que me faz cócegas, o que me aperta, o que me dói, o que me colore, o que me confunde ... que as minhas letras se façam palavras com textura, tom, forma, cheiro ... sinta-me ...


Nao quero me fartar de escrever ... quero que você seja imensamente bem vindo (a) ... só deixo aqui uma ressalva: SE EU EXPONHO MINHA NUDEZ COMO PESSOA, NAO ME FAÇA SENTIR VERGONHA ... e agora começa um "Cadiquim de mim" ...