quinta-feira, 17 de dezembro de 2009



... Meu Jardim vital ...


Em meio aos meus pensamentos que me angustiam ultimamente, sinto um pesar localizado, bem aqui, no pulsar do meu coraçao.
Levanto uma questao incômoda, da minha maneira muda de falar. Questao que envolve os Meus ... aqueles que convivo nao só por uma constituiçao genealógica ... é algo maior do que as combinaçoes genéticas ... mais fluídas do que o rubor do sangue ... mais nutridora do que o cordao umbilical ... somos uma FAMÍLIA ... do agora, do ontem e de eras ... somos unidos pelo amor e pelo sagrado ...
Esse envolvimento que permeia minha ligaçao peculiar com cada um deles, me diz o quanto me sinto responsável pelo sentimento que aflora quando cheiro cada flor do meu jardim vital ... tem dias que ele se encontra colorido e harmonicamente dançante, embalado pelo vento fresco e pelo clima agradável ...
Há dias em que uma ou algumas, se destacam, se embelezam mais que as outras ... e, para o meu olhar de cuidadora isso me preocupa e me faz refletir "aonde foi o meu erro .?. por quê nem todas estao a sorrir .?." Desconsidero, por vezes, que para a sua beleza e seu desenvolvimento natural, as flores da minha vida nao dependem só de mim ... que cada uma tem a sua particularidade ... seu tempo para desabrochar ... sua forma de saborear a seiva ... de abraçar a chuva ... de tomar o sol ... de esconder das pragas ...
Me satisfaço quando todas estao bem e me sucumbo no meu silêncio ensurdecedor como uma maneira de lidar com aquela pétala que cai ...
Dia desses, aliás, muitos dias corridos atrás, me deparei com algo que para mim seria inimaginável ... meu Girassol morreu ... ele, que tinha o caule mais firme de todas as outras flores ... que era conhecido pelo seu jeito tímido e iluminado de ser ... que dava o alicerce as outras e fortalecia com o seu olhar a ordem imposta naquele cenário ...
Me vem à mente dos dias felizes em que tomávamos banho de chuva ... ele nem tanto, pois preferia o sol, mas que tinha a sua participaçao efetiva nas tardes lúdicas e cheias de alegria ... apesar da sua morte, sua presença é certeira em mim ... sua falta se faz, em inúmeros momentos, o que nao faz apagar o seu brilho, a cada novo piscar dos olhos ... Me corrói saber que alguns de seus ensinamentos nao estao sendo perpetuados ... mas, aprendo, a cada novo dia, que o vento e as flores se completam diferentemente ... aquele sopra em intensidade variada do que as outras bailam ou nao pelo ar ...
Sei que hoje, o meu olhar de cuidadora se diferencia com o de ontem ... pois, nao posso e nao consigo ser detentora das cores e das formas das flores ... sendo assim, o meu pesar vai se esvaindo ... me sinto mais dona de mim e sem tanto medo de errar ... sou também uma delas ... uma flor ... uma tulipa ... faço parte do mesmo meio e devo contribuir à minha maneira ... sem esperar de uma ou de outra ... saber distribuir o meu pólem para me comunicar melhor ... sem medo de sujar ... sem medo de transbordar ... sem medo de me curvar ou me sobressair ... que essa minha resistência em desabrochar seja minimizada constantemente ... que eu reconheça minhas formas ... minhas cores ... meu tamanho ... minha funçao ... minhas particularidades ... para me sentir mais integrante no meu jardim, que é belo ... que é divino ...
Agradeço a Deus por tê-lo e sentir cada vez mais esse AMOR ... que eu saiba transpor essa amorosidade em mim ... que o meu perfume se expanda e preencha e envolva as flores mais próximas a mim ... mais próximas a elas ... mais próxima ao jardim vizinho ... e, assim seguindo sucessivamente ... ao léu ... ao dispor do vento ... que seja uma onda de amor verdadeiro e genuíno ... que influencie e guie a minha vida ...
que eu saiba falar dele e do seu poder em mim ... AméM !!!!
(Aos meus queridos ... Minha Família ... Minha raíz ...
Meu sangue ... Minhas flores ...
Principalmente ao meu Pai e a falta gritante que se faz em mim !!!)