sexta-feira, 3 de abril de 2009

... Máscaras ...


Tenho uma certa simpatia por elas ...


Geralmente as uso em momentos lúdicos para me entregar a espontaneidade do instante ... ou em momentos de devaneios envoltos de desejo, em que ser um outro alguém, favorece meu desempenho perante a tarefa prazerosa ...


Mas há também aqueles momentos em que eu as uso para me desfigurar, para me esconder desse mundo um tanto dolorido, para eu fingir que nao escuto, que nao vejo, que nao falo, que nao sinto e me acomodar na mesmice da minha falta do que fazer ...


Sei que as uso como uma película protetora, tanto para o bem, quanto para o mal ... para um certo disfarce que soa pertinente para mim ... se me encontro em um cenário feliz e me acho desconexa, transpiro uma certa calmaria e felicidade aparente em uma mente que está em turbilhao ... nao acho sensato contaminar o ar que está respirável aos demais com minhas preocupaçoes ou desencantos ...


Penso que a transparência de uma pessoa para ser visível requer sensibilidade ... já me deparei com ser que me despertou uma coerência genuína sem ao menos proferir uma palavra sequer ... também, com ser que verbaliza e se justifica tanto que acaba se perdendo no seu texto pronto e se esquecendo de sua própria essência ...


Uso algumas, como pretexto, para melhorar a imagem, para potencializar um encontro, para passar despercebida ou para que os holofotes venham em minha direçao ... mas nao pretendo com isso camuflar meu eu, que elas nao se tornem couraças difíceis de se desfazerem ... quero com elas poder amenizar a dureza dos dias e das inquisiçoes postuladas por nós mesmos ...


Sou mais uma personagem nesse teatro da vida e, dentro da minha personagem principal, existem inúmeras outras coadjuvantes ... papéis que desempenho e, que pretendo desempenhar bem ... despertar a alegria, a dor, o choro, a ira, a calmaria, a ironia ... provocar aplausos e gritos ... Afetar ...


Sei que além das máscaras a minha alma deve transcender ... e é dessa sensibilidade, de enxergar a alma, a cor da alma, que falo ...


Que eu possa tomar banho na chuva e perceber, ao tocar no meu rosto, que ele nao esteja borrado ... apenas, molhado pelas gotículas d'agua ...

Um comentário:

  1. "Sou mais uma personagem nesse teatro da vida e, dentro da minha personagem principal"...

    o que vale é a espontaneidade e sinceridade...
    lindo texto, guria.
    []´s

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